Hoje eu desenhei!
Não foi nada elaborado como o curso de desenho e a faculdade de artes me ensinaram. Nada sofisticado. Nada bonito. Foi um rabisco. Um mero deslizar despretensiosamente a caneta sobre uma folha de papel. Um rosto feminino. Três cores de caneta esferográfica barata sobre um papel pautado num caderno barato. Mas, meus amigos, eu desenhei.
Mas porquê tanta empolgação por algo tão banal? Então… eu não me dispunha a desenhar/pintar desde o meio de 2023 quando pintei uma tela pra dar de presente. Chame de bloqueio criativo, trauma, o que for. Eu não conseguia. Nas minhas sessões de terapia eu falava seguidamente sobre minha vontade de voltar a isso, mas nunca me sentia compelido de fato a fazê-lo.
Eu tenho uma questão: eu não penso muito sobre as coisas. Os pensamentos aparecem, eu ponho eles numa caixinha sem etiqueta e de vez em quando esbarro neles novamente. Às vezes dou atenção, mas na maioria das vezes, não. Desenhar/pintar tava sendo assim: uma vontade deixada de lado, deixado numa caixinha empoeirado num canto escuro da minha cabeça.
Ano passado, aqui na região metropolitana de Porto Alegre, aconteceu o apocalipse. A água levou tudo. Minhas pinturas, meus materiais de arte, meus desenhos de infância. Tudo. Até sem casa eu fiquei por um tempo. Tive um bloqueio total com relação à arte. Não pegava o violão. A banda entrou em hiato. Não desenhava nem boneco de palito. Até ganhei um estojo, mas não tinha lápis, caneta, caderno. Nem me sentia no luxo de comprar isso. Era um estado de plena sobrevivência, apenas.
No fim de 2024 eu voltei a viver na minha casa. Desde então um pensamento veio “compra caneta e caderno. Tu precisa se organizar”, mas fui enrolando e enrolando. Ontem, sexta feira, 07/03, eu lhes falo que COMPREI CANETA E CADERNO. A ideia inicial nem era rabiscar, mas organizar o meu dia a dia fora do digital, mas hoje o computador travou e fiquei entediado, olhei pro caderno, ele olhou de volta e eu pensei “porque não?”
A gente leva tempo pra curar certas coisas. A gente leva tempo pra processar. A gente leva tempo pra sair do limbo. A questão é se dispor quando a fagulha vêm, mesmo sem a chama estar acesa. Uma psicóloga falou pra mim uma vez “tá sem vontade? VAI SEM VONTADE MESMO”. Nisso tu pega hábito, tu pega gosto. Tudo bem que quando algo não faz bem, fazer isso pode ser problemático, mas e as coisas que te faziam bem e tu deixou pra trás porque, sei lá, a vida aconteceu? E as coisas que podem vir a te fazer bem e tu não faz porque tá sem vontade, tá com medo, ou desmotivado?
Um passo de cada vez, constantemente.
“UM PASSO A FRENTE E VOCÊ NÃO ESTÁ MAIS NO MESMO LUGAR” (Chico Science)
JUST DO IT!
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