Em 2025 eu faço 37 anos. Não dá, assim, pra dizer que foram os melhores 37 anos que alguém poderia ter. Muita desgraça rolou, relacionamentos falidos, contas bancárias falidas, família conturbada. Acho que dava um drama bom pro Darren Aronofsky adaptar (ou não, afinal não tiveram drogas). A grande questão é que eu não tô exatamente onde eu imaginava estar com 37 anos. Nem de perto. Solteiro, sem nenhuma perspectiva, morando de favor, sem emprego, quase sem amigos, falido e, nesse momento com apenas R$14,51 na conta bancária.
Vejamos, eu sou fumante. Fumo entre uma e duas carteiras de cigarro por dia. Eu tenho duas carteiras fechadas ainda. Cada carteira custa R$7,00 (a mais barata antes dos paraguaios). Então eu tenho grana pra mais duas carteiras de cigarro. Provavelmente vai entrar uma grana na sexta. Hoje é sexta. Logo, tenho quatro carteiras de cigarro pra enfrentar seis dias de vida.
Tu pode pensar: "mas Ton, cigarro não é uma necessidade. Vá gastar tuas misérias em outra coisa". Sim, poderia, mas meio que não é assim que funciona. Vício é uma desgraça. Não recomendo. Não fume. Faça esse favor a si mesmo. Mas a questão não é essa.
O cerne de tudo não é meu vício em tabagismo, mas antes a falta de grana. Pobreza que é foda. É a pobreza que mata. Nesse mesmo dia de hoje tive que declinar um encontro, por que, como lhes disse antes, possuo apenas R$14,51 na conta. Veja bem, não chego nem a capital com esse valor. Kkkcry… Mas como eu cheguei nessa desgraça de situação, tu deve estar se perguntando. Oras: com uma série de más escolhas e altas doses de azar.
No meu passado eu fiz várias escolhas ruins sobre vida e carreira. Iniciei em várias faculdades e não cheguei perto de concluir nenhuma. Nunca consegui parar muito em empregos. Aos quase 37 não sou mestre de nada (acho que nem de mim mesmo). Dessa forma, sem formação e sem carreira, a coisa toda vai se afunilando de tal forma que mês passado tive que cancelar a terapia. Tive que cancelar meu salva vidas e continuar navegando em águas misteriosas e perigosas.
Aos quase 37 eu tô tendo que fazer o que eu deveria ter feito aos 25: me preocupar com minha carreira/profissão/ganha pão. Eu tive diversas questões que me trouxeram onde eu estou. A descoberta tardia da minha bipolaridade certamente foi um atenuante. Quanta coisa teria sido mais fácil se soubesse e tratasse antes… Mas como minha psicóloga diz, eu não posso basear minha vida no que eu poderia/deveria ter feito, mas sim no que eu devo/posso fazer desse momento em diante.
Ainda assim, sobre o fazer antes: cara pessoa que me lê nesse momento, não sei tua idade, mas o quanto antes tu tomar as rédeas da tua vida e começar a se organizar, melhor. Pobreza dói e não é bonito. Se tu conseguir encontrar algo que tu suporte trabalhar por anos (não tô nem falando em amar. Trabalho não é namoro) estude, trabalhe e se dedique. Me parece que constância é um grande segredo (que eu ainda tô descobrindo). Faça da sua vida o que tu quiser, mas saiba que a gente colhe o que a gente planta, estando num bom momento da vida ou não, só vai crescer o que tu plantar.
Eu sigo aqui, falido, mas com muita vontade de não estar mais, fazendo meus projetos, seguindo com meus estudos, pra que isso se transforme em uma forma de ganhar a vida, pra quando eu chegar nos 47 eu esteja sofrendo menos do que sofro hoje, com um celular com o touch estragado tendo que clicar trinta vezes para formar uma palavra de cinco letras, dentre outras coisas. Sigo fazendo, todo dia, um pouco mais. Constância é o segredo, né?! C O N S T Â N C I A !
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